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Lovely Complex |
Gênero: Vida Cotidiana, Slife of Life, Shoujo, Comédia, Vida Escolar, Romance.
O anime Lovely Complex, que foi o que eu assisti, é uma adaptação do mangá shoujo de mesmo nome, criado por Aya Nakahara e lançado em 2001. O anime saiu em 2007. Já rolou Dorama, CD drama e constantemente se encontra na lista de mangás favoritos mundo à fora. É comédia romântica, muito humor, um certo romance e pequenos dramas (nada pesado).
A história é aparentemente simples e sem grandes atrativos, talvez por isso eu tenha demorado quase dez anos para assistir tudo. Em um colégio de Ensino Médio estuda Koizumi Risa, uma garota que mede 1.70 e chama atenção por ser mais alta que todas as meninas e muitos dos meninos, e Atsushi Otani, que é um pouco mais baixo que o comum dos meninos, com seus 1.56. Por conta dos reforços escolares e eles passam a conviver diariamente, e de início brigam bastante pela personalidade enérgica e explosiva de ambos, em contraste com a altura, que faz com que chamem atenção de todos, sendo apelidados de All Hanshin Kyojin (dupla de comediantes japoneses com grande diferença de altura).
Quando eles resolvem se ajudar na conquista de seus pretendentes amorosos (Otani é afim da pequena e delicada amiga de Risa, e Risa quer se aproximar do alto, belo e quieto recém-amigo de Otani) os dois vão desenvolvendo uma amizade muito forte, repleta de cumplicidade, humor e conflitos. Existem outros personagens como as amigas de Risa, o amigo de Otani, o professor, familiares e rivais.
Um dos pontos fortes de muitas obras nipônicas é o desenvolvimento de personagens com os quais nos identificamos. Seja aquele inserido num contexto de slice of life, em que nada fora do comum acontece, ou que ganha super poderes, ou mesmo quando a personagem nasceu com algo de sobrenatural, não importa a premissa: criar empatia é um ponto crucial para que possamos nos interessar pela história e torcer pelo personagem. Pelo menos, torna tudo mais gostoso.
O problema é quando se encontra personagens que fazem sucesso e se utilizam daquele arquétipo incessantemente. A menina explosiva, a tímida, o rapaz sedutor, o valentão, o inexpressivo, o frio... todos tem até mesmo nomenclaturas (tsundere, kundere, moe, entre outros, na web tem muito material explicando). A fórmula é tantas vezes repetida que se torna chato... eis que Lovely Complex, ou apenas "Lovecom" tem seus muito méritos, sempre rodeado por muito, muito humor!
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Risa & Otani: afinidades |
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Mangá de Lovely Complex |
A primeira parte do anime mostra o desenrolar da relação de Risa e Otani. Eles são muito parecidos: tem problemas com sua altura, são obcecados pelo cantor Umibozu, não são muito interessados pela escola ou estudos, são bastante divertidos, infantis e com personalidade expressiva e espontânea. No começo, são vistos como os comediantes, mas a medida em que vão partilhando dos problemas, fica perceptível que dali pode nascer um romance. Embora se tratem como "dois caras", entre xingamentos, socos, pontapés e brincadeiras mais malucas, Otani tenta aumentar a auto-estima da amiga, mostrando-se muito preocupado e gentil com ela.
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Os personagens conhecem Umibozu |
OBS: ÁREA COM SPOILERS, PULAR ESSES DOIS PARÁGRAFOS SE NÃO QUER SABER REVELAÇÕES DO ENREDO.
Risa é a primeira a ver em Otani um par romântico. Após lutar bastante contra o sentimento - afinal, ela é "girafa" perto dele - ela admite a si mesma que o ama. Muito disso é despertado pela personagem Seiko Hotobuki, um garoto que se vê como "menina" (e que também nutre sentimentos por Otani) e que lhe convence que o empecilho da altura é muito pequeno. O anime, então, é levado a tentativa de Risa mostrar a Otani que eles são mais do que amigos. Como um personagem lerdo (recurso usado para atrasar a aproximação romântica, mas que por vezes chega a irritar), Otani demora muito para se convencer de que gosta de Risa como namorada.
Talvez aí venha o ponto que mais me desagrada: Risa se esforça muito mais para conquistar Otani do que vice-e-versa. Embora eles tenham uma relação de amizade forte, ele só vence a barreira de vê-la como amiga-dupla cômica ao sentir ciúmes por Maity-sensei, e posteriormente só se entrega à relação amorosa por causa dos ciúmes provocados por Kohori. Até que é um ponto forte do anime não explorar em demasia o ciúme masculino, possessivo, algo comum em shoujos e em obras voltadas ao público feminino, que romantizam a possessão vinda de um cara "maravilhoso". O ciúme de Otani não é algo perturbador, nem ele é taxado como "príncipe encantado", contudo senti falta dele sofrer um pouco mais, demonstrar um pouco mais todo o afeto que Risa persistiu em direcionar a ele.
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Atsushi Otani em momento romântico |
Mas bem, vamos falar de coisa boa: o grande trunfo do anime, para mim, são esses dois personagens. Risa e Otani como dupla ou casal, tem muita química! Eles são escrachados (assim como o humor da história), mas nada que os torne menos humanos. Risa por si, é uma ótima protagonista: naturalmente engraçada, expansiva, meio moleca e bruta, joga vídeo games, mas é bem romântica e louca por coisas femininas, sem muitas regras ou cartilha. Já Otani é pequeno e aparentemente frágil/delicado, mas na verdade é bem esquentado e determinado, tanto que é um ótimo jogador de basquete. Você acredita na amizade deles e neles como par romântica (algo que "Toradora" não fez comigo, pelo menos na parte romântica)... é muito verossímil essa relação, nada forçada… aquela afinidade que se tem com poucos. E o humor é realmente um ponto a favor… Otani balanceia bem a personalidade louca de Risa, com sua dose de agitação, quase como o “escada” de humor da dupla.
O outro trunfo vem a partir do conflito das personagens: eles tem seu complexo de altura, e exibem uma personalidade que não se espera. Risa, por ter uma altura superior a das meninas, deveria se portar como uma dama para tentar conquistar um cara, mas ela não o faz. Já Otani se nega a ser frágil ou a ser aquilo o que os outros esperam.
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Momento romântico |
CONCLUSÃO:
Acho que é uma história divertida de se assistir, por vezes meio arrastada, mas com personagens carismáticos, músicas que compõem bem a cena, e um bom desfecho. É uma aula de como desenvolver personagens reais, com os quais podemos ter empatia, sem resultar em algo chato ou monótono, e que dá para conciliar bem com a comédia. Ah, e que podemos torcer por um casal m shoujo onde o cara não é "perfeito", e numa relação advinda da amizade sem parecer forçada. Certamente vai ficar muito bem guardado nas minhas lembranças...
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Lovely Complex: personagens amigos reunidos |
Postado por Bruh